quarta-feira, 23 de julho de 2014

Capitão Phillips (Captain Phillips) - 2013

 26/03/2014
Nota: 9.0 / 8.0 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Paul Greengrass
Roteiro: Billy Ray
Elenco: Tom Hanks (Capitão Richard Phillips), Barkhad Abdi (Abduwali Muse), Catherine Keener (Andrea Phillips), Barkhad Abdirahman (Bilal), Faysal Ahmed (Najee), Mahat M. Ali (Elmi), Michael Chernus (Shane Murphy), David Warshofsky (Mike Perry), Corey Johnson (Ken Quinn), Chris Mulkey (John Cronan), Yul Vazquez (Capitão Frank Castellano), Max Martini (Comandante da Navy Seals), Omar Berdouni (Nemo), Mohamed Ali (Asad), Issak Farah Samatar (Hufan)

Crítica:
Em abril de 2009 o navio de cargas Maersk Alabama foi invadido por piratas somalianos na costa da Somália. Seu capitão, Richard Phillips, adotou todos os procedimentos possíveis para recuperar seu navio, mas acabou sequestrado. Essa é a história verídica que o filme Capitão Phillips retrata.

Há uma grande dificuldade em realizar filmes de uma história real, pois o público sabe o final. Por isso, o roteiro e a direção devem criar formas de prender o espectador à história, principalmente quando há suspense ou tensão.

[SPOILERS...] Claramente, desde o início da projeção, percebemos que mesmo sabendo a história, estamos curiosos para ver os detalhes de como aconteceu. Tudo começa tranquilo, com Phillips se preparando para partir, despedindo-se da esposa e recolhendo as últimas instruções para o trabalho. Dentro do navio, faz as conferências, dá as ordens sem muitas delongas e parte para o alto mar.


Ao poucos vamos percebendo que Phillips é um cara extremamente centrado e correto com os procedimentos de segurança. A tripulação passa tranquilidade e certa descontração, mas como sabemos que algo vai acontecer nos faz ficar mais tenso ainda. Tipo: "Ei, tenham atenção, os caras vão chegar a qualquer momento". E quando menos esperamos, Phillips é avisado de que algo estranho no radar. Um barco com piratas vem em direção ao Maersk. Phillips emite o alerta para a tripulação, que toma seus postos para esse tipo de ataque. Com uma estratégia de rádio, simulando uma conversa com a guarda costeira, Phillips consegue afastar os piratas, mas sabe que eles voltarão de qualquer forma.

Em poucos dias os piratas estão de volta, todos os procedimentos adotados não são suficientes para afastá-los e o Maersk Alabama é invadido. Phillips manda a maior parte da tripulação se esconder na sala de máquinas e começa a negociação com o líder dos piratas. Inteligentemente durante as conversar, Phillips e a tripulação vão trabalhando para tentar dominar os sequestradores, até conseguirem pegar o líder deles, assim os piratas aceitam deixar o Maersk, mas quando estão para sair, conseguem levar Phillips como refém.


Maersk Alabama está salvo, mas Phillips se encontra em poder do sequestradores, dentro do que eles chamam de baleeira, um pequeno barco fechado que serve como salva vidas em casos de naufrágio.
Logo os piratas percebem que estão sendo seguidos pelo Maersk e por um navio de guerra da marinha estadunidense. As negociações começam, e a cada dia que passa os piratas ficam mais desesperados, sem suprimentos e acuados pela marinha. A tensão aumenta a cada minuto, Phillips tenta fugir à nado, mas os piratas o capturam novamente.

Até o momento em que os SEALs da marinha, atiradores de elite, são autorizados a se prepararem para execução, pois o comando percebeu que os piratas não cederão e Phillips começava a correr alto risco de vida. Numa estratégia rápida, três dos piratas são mortos, apenas um sai com vida. Phillips é resgatado sem ferimentos, apenas com o desgaste dos vários dias que passou no baleeiro.

O único pirata sobrevivente, Abduwali Muse, foi julgado condenado e se encontra preso nos EUA. [FIMSPOILERS]


Como disse, a história nos prende do início ao fim. Mesmo no início em que tudo está calmo, ficamos tensos, na expectativa da invasão do navio. Depois que os piratas tomam o comando, o filme fica excelente, conseguimos entender cada detalhe da estratégia adotado por Phillips, é como se tudo acontecesse em câmera lenta.

Tom Hanks está muito bem no papel do capitão, conseguir expressar bem a tensão do momento, mas ao mesmo tempo como Phillips era um cara muito preparado para todos os tipos de situações e não perdia a calma de forma alguma, sempre tentando controlar a situação.

Mas dentro das atuações, quem rouba a cena é Barkhad Abdi, que representou o líder dos piratas. Ele é muito convincente, há muito tempo não via uma atuação tão forte, tão verídica.

Lendo algumas entrevistas das pessoas que realmente estiveram no Maersk, percebi algumas controvérsias. Alguns deles dizem que o capitão Phillips poderia ter evitado o sequestro, pois foi avisado de que não eram para navegar por aquelas águas, e ele desobedeceu a ordem. Outros disseram que entendem que cinema não é a vida real, que alguns fatos foram modificados, mas a história central mostrou o que aconteceu com eles.

Particularmente, acredito que todo filme é uma ficção, não há como contar uma história sem alguns exageros ficcionais, pois é isso que o público gosta.

Por fim, Capitão Phillips é um excelente filme, nos prende o início ao fim. Nos faz torcer por Phillips e acreditar que ele é um herói. Vale a pena assistir.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Gravidade (Gravity) - 2013

26/03/2014
Nota: 9.0 / 8.1 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Alfonso Cuarón, Jonás Cuarón
Elenco: Sandra Bullock (Dra. Ryan Stone), George Clooney (Tenente Matt Kowalsky), Ed Harris (Controle da Missão em Houston), Orto Ignatiussen (Aningaaq), Paul Sharma (Shariff Dasari), Amy Warren (capitã da Explorer.), Basher Savage (capitão da Estação Espacial Internacional)

Crítica:
2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odyssey) - 1968 foi um marco na história do cinema. O realismo científico, efeitos visuais, imagens psicodélicas, e o pouco uso de diálogos, foram surpreendentes para época. Apesar da recepção da crítica não ter sido favorável, hoje é considerado um dos melhores filmes já feitos. 

Então, ao comparar um filme a esse clássico, indica que não é um filme qualquer, e é por isso que Gravidade, no mínimo, está bem acima da média.

O diretor Alfonso Cuarón ficou longe das telas por 7 anos, e pelo que vimos, esse tempo fez muito bem pra ele. Cuarón tem uma filmografia pequena, mas com uma alta qualidade. Além desse, destacam-se Filhos da esperança (Children of Men) - 2006 e Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (The Prisoner of Azkaban) - 2004. Esse último considerado o melhor da octologia Harry Potter.


Em Gravidade, Cuarón conseguiu nos transportar para o espaço numa realidade incrível, esse é o principal ponto forte do filme. Ficamos tão impressionados com essa realidade que nós faz entrar no filme, sentimos a gravidade e o quão desesperador é a situação das personagens.

[SPOILERS] A história inicia mostrando três astronautas no espaço fazendo ajustes num satélite. A Dra. Ryan Stone é uma engenheira médica em sua primeira missão no espaço. O tenente Matt Kowalsky é um veterano astronauta e comandante da equipe, está em sua última missão e aposentar-se após a expedição Explorer. O terceiro astronauta é Shariff Dasari, um engenheiro de vôo que se encontra à bordo do Explorer. 

Tudo vai bem, com os três conversando descontraidamente, até que o contato com a Terra avisa que a Rússia acabou de destruir um de seus satélites, e que os destroços estão na mesma órbita que eles. Em princípio não entendem como um risco, mas logo percebem que terão problemas, pois a velocidade dos destroços poderá atingi-los.


Tudo acontece muito rápido, os destroços destroem tudo. Dasari morre. Stone e Kowalsky vagam pelo espaço, mas com Kowalsky está com um propulsor, consegue resgatar Stone. 

Nesse contexto é que começa a tensão do filme, com os dois em busca da sobrevivência, e de achar uma forma de voltar para Terra. Falta de oxigênio, naves destruídas, mais destroços, além do drama psicológico que envolve a vida de Ryan, são as dificuldades que eles precisarão enfrentar. [FIM SPOILERS]

Com descrito, a história é bem simples, mas o suspense intenso de cada cena não nos deixa nem piscar, a cada movimento de Ryan achamos que algo ruim está para acontecer. A apreensão é constante.  Junte isso ao visual perfeito, temos um filme excelente.

Li alguns comentários sobre a realidade no espaço, e muitos ex-astronautas disseram que grande parte das cenas são idênticas ao que eles vivenciaram. Alguns detalhes errados foram citados, mas que não comprometem o filme. Um deles é o fato do cabelo da Ryan não sofrer os efeitos da falta de gravidade.


George Clooney, que fez o papel de  Matt Kowalsky, tem boa interpretação, mas Clooney é o tipo de ator que não se adapta aos personagens, por isso cabe aos diretores identificarem que a personagem se enquadra no seu jeito de atuar. E nesse caso, Clooney foi acertadamente escolhido. O seu jeito de dialogar, e sua voz tranquila são essenciais para a composição do filme.

Sandra Bullock não foi a primeira escolha de Cuarón, mas bons diretores tem que ter sorte. Acho que se fosse outra atriz não ficaria tão bom. Para mim, Bullock fez sua melhor atuação até o momento. Soube dosar os momentos dramáticos, os angustiantes e os poucos de alegria. Uma sensação anestésica é passada por ela com grande perfeição, acho que é assim que nosso corpo se comporta percebendo a morte tão perto.

Com certeza assistirei novamente, ainda mais que não assiste em 3D, e mesmo tendo sido convertido na pós-produção, acho que é um filme perfeito para o uso dessa tecnologia.

Filme altamente recomendado!

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A Família (The Family) - 2013

23/03/2014
Nota: 6.5 / 6.4 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Luc Besson
Elenco: Robert De Niro (Fred Blake / Giovanni Manzoni), Michelle Pfeiffer (Maggie Blake), Dianna Agron (Belle Blake), John D'Leo (Warren Blake), Domenick Lombardozzi (Caputo), Stan Carp (Don Luchese), Vincent Pastore (Fat Willy), Jon Freda (Rocco), Michael J. Panichelli Jr. (Billy the Bug)

Crítica:
Filmes sobre gangsters sempre chamam minha atenção, ainda mais quando envolve Robert De Niro e um bom diretor como Luc Besson. O diretor de filmes como: O Profissional (Léon) 1996, O Quinto Elemento (The Fifth Element) - 1997 e Joana d'Arc (The Messenger: The Story of Joan of Arcen) - 1999 merece todo respeito, por isso resolvi conferir seu novo filme. Além dos dois, podemos ver Michelle Phipher, que apesar de velha e cheia de plásticas, ainda continua bonita.

[SPOILERS...] O filme conta a história de uma família mafiosa, pai, mãe e uma casal de filhos adolescentes, que fazem parte do programa de proteção às testemunhas. Depois de disfarçar a família em vários locais nos EUA, pelo comportamento desajustado, e por estarem sendo perseguidos pela máfia americana, o agente do FBI Stansfield, decide transferi-los para a França numa última tentativa de protegê-los.


Numa cidade do interior onde não haveria nenhum motivo para terem problemas, a família, agora como os Blake, não se controlam e todos começam a expor seus dons criminosos. Logo a máfia americana os descobre, e assim se desencadeia uma perseguição mortal, onde a família precisará mostrar toda sua habilidade para sobreviver. [FIM SPOILERS]

Esse é o contexto da história, muito promissor, mas Benson acaba por pecar em várias partes do roteiro, além de não desenvolver bem seus personagens. Em momento algum criamos empatia pelos protagonistas. O humor negro é inserido em momentos errados, fazendo as cenas, em vez de engraçadas, chatas e sem graça.


De qualquer maneira, ainda há bons momentos, pois o humor negro vem junto com cenas fortes de bastante violência, que trouxe um pouco de realidade para a história. De Niro mostra que ainda está em forma, e Pfeiffer completa bem o casal sem comprometer. Dianna Agron, a linda Quinn Fabray da série Glee, tem boa atuação, seu rostinho angelical é a única coisa que funciona com o humor do filme.

Dentro desse tema temos outros filmes melhores, para quem não tem tempo de ver filmes, esse não é o mais indicado.

domingo, 20 de julho de 2014

Frozen - Uma Aventura Congelante (Frozen) - 2013

23/03/2014
Nota: 7.5 / 7.9 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Chris Buck, Jennifer Lee
Roteiro: Jennifer Lee
Elenco: Kristen Bell (Anna), Idina Menzel (Elsa), Jonathan Groff (Kristoff), Josh Gad (Olaf), Santino Fontana (Hans), Alan Tudyk (Duque de Weselton), Chris Williams (Oaken), Maia Wilson (Bulda)

Crítica:
Demorou, mas a Disney conseguir voltar a fazer uma grande animação. Frozen - Uma Aventura Congelante resgatou as premissas dos grandes clássicos, sem parecer algo antigo. A história é bem atual, pois trata de temas importantes e que nos fazem gostar da história. Amizade, companheirismo, amor, tudo isso nessa fantasia espetacular.

[SPOILERS...] A história se passa em um reino fantasioso onde duas irmãs, princesas, onde a primogênita, Elsa, tem poderes incontroláveis em suas mãos. Tudo que ela toca vira gelo, além de conseguir criar formas de gelo e neve. Na infância Elsa brincava com sua irmã, Anna, e ao lançar um raio de gelo acaba a acertando. Por sorte Anna não morre, mas seus pais decidem por trancar Elsa em seu quarto para dominar seus poderes. Já adolescente, quando saí do quarto para uma celebração de sua coroação, Elsa, se descontrola ao saber que sua irmã quer se casar acaba congelando todo seu reino, e foge, deixando toda a região num inverno interminável.


Agora Anna deverá trazer Elsa de volta para reverter o inverno e trazer o verão de volta. Logo no início de sua jornada conhece Kristoff, um homem da montanha, que vive do gelo. Juntos saem em busca de Elsa. Ainda no caminho encontram Olaf, um boneco de neve criado por Elsa. Assim, os três vão em direção ao castelo de gelo, onde Elsa se encontra.

É nesse contexto que a aventura se desenrola, e por fim, Elsa volta às suas terras e faz o inverno acabar. [FIM SPOILERS]


Frozen se tornou a animação mais rentável da história, a Disney conseguiu bater seu próprio recorde, que pertencia ao O Rei Leão (The Lion King) - 1994. Ainda assim não credencio Frozen como o melhor filme da Disney, pois acho que existem alguns clássicos de melhor qualidade, mas Frozen teve um mérito muito grande, retomar a linha de animações bem trabalhadas, com história que envolve toda a família.

Apesar de ainda conter alguns dos clichês mais tradicionais das animações cinematográfica, como o bichinho que fala o tempo todo (Olaf), ou o animal companheiro, que é sempre engraçado, Frozen é uma excelente aventura, que vale a pena ver e rever. Um filme no nível dos filmes da Pixar.

Os Últimos Dias (Los Últimos Días) - 2013

12/03/2014
Nota: 5.0 / 6.0 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Àlex y David Pastor
Elenco: Quim Gutiérrez (Marc), José Coronado (Enrique), Marta Etura (Julia), Leticia Dolera (Andrea), Iván Massagué (Lucas), Pere Ventura (Rovira), Lluis Soler (el vecino.

Crítica:
Histórias de apocalipse sempre me chamam atenção. É curioso imaginar o que faríamos na situação dos personagens, essa é a principal motivação ao assistir aos filmes do gênero. Quanto mais real as decisões dos personagens, e menos coincidências fictícias, melhor é o filme.

Os Últimos Dias acompanha a jornada Marc e Enrique através dos prédios e subterrâneo de Barcelona. Tudo começa com o dia a dia de Marc, em casa, no trabalha, mostrando como sua vida é comum. No trabalho vem enfrentando o novo gerente e a reformulação do seu setor. Em casa vem discutindo a possibilidade de ter filhos com sua namorada.

Tudo isso assistindo aos noticiários, até perceber que algo de errado está acontecendo no mundo. O problema fica mais claro quando seu chefe demite um dos seus colegas por ele estar a mais de um mês dormindo na empresa, sem sair do prédio em nenhum momento. Mas ao ser força a sair do prédio pelos seguranças da empresa, o funcionário começa a passar mal, Marc, percebendo o que poderia estar acontecendo, arrasta o colega para dentro do prédio, mas ele morre instantaneamente.


A história é contada com flashbacks, no presente, Marc se encontra no prédio da sua empresa, todo destruído, com as pessoas se organizando para distribuir água. Ninguém mais consegue sair dos prédios, ninguém vai para rua. Para sair do prédio, alguns voluntários perfuram a para encontrar a túnel subterrâneo do metrô.

O surto mundial seria algo semelhante à agorafobia, fobia de lugares abertos, ficcionalmente exagerada, que leva as pessoas à morte instantânea. O pânico espalhou-se pelo mundo inteiro, a maioria não sabe se está doente, mas não arriscam sair ao ar livre.

Marc precisa encontrar sua namorada, e percebe que seu novo chefe está se preparando para sair do prédio. É sua chance de juntar forças para encontrá-la. Os dois entram num acordo, e saem em busca da moça. Assim, a jornada se desenrola, com os dois sofrendo com o caos que a humanidade virou. Grupos se juntam para sobreviver e a lei do mais forte é o que prevalece agora. Passam por vários confrontos até cada um atingir seu objetivo.


A ideia do filme era bem promissora, procura analisar e mostrar o que o ser humano é capaz de fazer quando o caos está instaurado. A nosso necessidade de leis e sanção é algo inerente à nossa sociedade. 
O que se tentou foi bem próximo ao que Um Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness) - 2008 fez: colocar em evidência o animal que há dentro de nós. Mas se perdeu ao tentar inserir mais ação do que o necessário. A cena do urso exemplifica bem isso. Totalmente desnecessária, e ainda utilizou efeitos digitais esdrúxulos para a tecnologia atual.

Além do já citado, existem filmes melhores do mesmo gênero como: O Nevoeiro (The Mist) - 2007, A Estrada (The Road) - 2009 e O Abrigo (Take Shelter) - 2011. Qualquer um desses, apesar de não serem perfeitos, são bem melhores que esse.

12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave) - 2013

03/03/2014
Nota: 8.5 / 8.3 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Steve McQueen
Roteiro: John Ridley
Elenco: Chiwetel Ejiofor (Solomon Northup), Michael Fassbender (Edwin Epps), Lupita Nyong'o (Patsey), Sarah Paulson (Mary Epps), Benedict Cumberbatch (William Ford), Brad Pitt (Samuel Bass), Paul Dano (John Tibeats), Adepero Oduye (Eliza), Paul Giamatti (Theophilus Freeman), Garret Dillahunt (Armsby), Scoot McNairy (Brown), Taran Killam (Hamilton), Chris Chalk (Clemens Ray), Michael K. Williams (Robert), Kelsey Scott (Anne Northup), Alfre Woodard (Harriet Shaw), Quvenzhané Wallis (Margaret Northup), Devyn A. Tyler (Adulta Margaret Northup), Cameron Zeigler (Alonzo Northup), Rob Steinberg (Parker), Jay Huguley (Xerife Villiere), Christopher Berry (James Burch), Bryan Batt (Juiz Turner), Bill Camp (Radburn), Dwight Henry (Uncle Abram), Ruth Negga (Celeste)

Crítica:
Escravidão é a prova de que o ser humano, apesar de racional, é um animal como outro qualquer, chegando ao ponto da racionalidade ser utilizada irracionalmente. Existe e existiram algumas pessoas que exemplificam o quão o ser humano pode fazer crueldades com seus semelhantes. Podemos ver isso todos os dias nos noticiários, mas há alguns historicamente conhecidos no mundo inteiro, como Hitler, que comandou uma das maiores atrocidades que o mundo já viu.

A escravidão é uma situação que assombra a humanidade desde as épocas mais antigas. Praticamente em todos os continentes e diferentes povos. No início, escravos eram prisioneiros de guerra e os pobres. Na modernidade passou a ser racista com a escravidão dos negros, principalmente após o descobrimento do novo mundo pelos europeus. Nos séculos XIX e XX os negros foram torturados e forçados a trabalhar por toda a vida, que normalmente não passava de 50 anos.


Não podemos comparar e julgar o sofrimento de quem passou por esse tipo de atrocidade, mas fala-se muito dos judeus e se esquecem dos escravos, pois a segunda grande guerra teve um impacto em proporções mundial em tempo curto. Os judeus sofreram nas mãos de Hitler e de seu exército doutrinado com situações inconcebíveis ao longo de 6 anos. Não temos como saber qual é o nível de sofrimento de cada um dos milhares que morreram e dos que sobreviveram aos campos de concentração. Já os escravos sofreram por séculos, e não era apenas um homem a doutrinar um país para acreditar que era uma raça superior, eram várias nações que se achavam superior. Escravizar o negro era o correto, não existia outra forma de tratá-los. Os escravos sofriam abusos, torturas e todo tipo de humilhação durante toda a vida, dia após dia, geração após geração. Alguns preferiam morrer a ter de viver daquela forma.

E mesmo com o fim formal da escravidão, os negros ainda continuaram sofrendo, pois nenhum dos países escravagistas se preparou para dar suporte aos ex-escravos, simplesmente a partir de uma data, os escravos se tornaram livres, mas sem dinheiro, sem moradia, sem estrutura alguma, assim tiveram que se submeterem quase as mesmas condições de quando escravos. Até recentemente, nas décadas de 50 e 60, ainda havia a segregação racial, onde os negros só poderiam frequentar lugares reservados. O pior é que ainda hoje, século XXI, os negros não estão totalmente livres da discriminação. Exemplo disso está em partidas de futebol onde jogadores são chamados de macaco.


Essa introdução é para mostrar a importância história que o filme 12 Anos de Escravidão tem para as gerações futuras. O filme conta a história Solomon Northup, baseado em sua autobiografia. Northup era um negro livre, tinha família, emprego e vivia uma vida normal, dentro da realidade da época, mas em 1841 foi sequestrado e vendido como escravo. A partir daí, passamos a acompanhar a saga da escravidão pelos olhos de Solomon.

Todas as fases da escravidão são detalhadamente mostras, primeiro como acontecia a compra e venda dos escravos. A forma como eram tratados com se fossem coisa, mães são separadas dos filhos. Assim, Northup é vendido para um bom dono de plantações, William Ford, que o trata razoavelmente bem, por isso conseguia realizar seu trabalho com tranquilidade e inteligência, aos poucos foi conquistando seu dono, mas atritos com seu feitor, acabam em briga, e ele é vendido para um dos piores donos de escravo da região. Foi trabalhar na colheita de algodão. Edwin Epps, seu novo patrão, castigava todos os escravos que não atingissem um meta de quilos de algodão por dia.


Patsey era a escrava que mais conseguia colher algodões diariamente, por isso era a predileta de Epps, mas essa preferência era convertida em várias noites de estupros. Uma das cenas mais forte é a sequência de chibatadas que  Patsey leva por ter saído da propriedade para buscar sabonete.

Por fim, Northup consegue ajuda de um branco para avisar à sua família e mandar sua documentação de liberdade.


Em rápidas palavras resumi o filme que na verdade é bastante detalhado, talvez seja o mais próximo que podemos chegar e perceber o sofrimento dos escravos. A retratação da época e as atuações são impecáveis, Lupita Nyong'o, que faz Patsey, fez um trabalha perfeito. Em seus olhos, conseguimos ver o desespero, a vontade de sair dessa vida. Oscar merecido. O realismo das feridas provocadas pelas chibatadas são cenas fortes que fazem virar o rosto. Semelhante realismo pode ser visto em A Paixão de Cristo (The Passion of the Christ) - 2004.

Ao analisarmos o roteiro e outros aspectos, perceberemos que o filme é comum, que talvez não merecesse ganhar o Oscar de melhor filme, mas essa história deve ser sempre lembrada, todos devem assistir para perceber o quão bizarro é a escravidão e qualquer tipo de discriminação. Deve ser lembrado para nunca mais ser repetido.