terça-feira, 26 de março de 2013

Paradise Now - 2005

19/03/2013 - 17
Nota: 7.0 / 7.5 (IMDB)
Formato/Local: Sala de Aula

Direção: Hany Abu-Assad
Roteiro: Hany Abu-Assad, Bero Beyer, Pierre Hodgson
Elenco: Kais Nashef, Ali Suliman, Hiam Abbass

Crítica:
Paradise Now é um filme palestino que tenta nos mostrar um pouco dos conflitos existentes na região de Israel. A guerra santa entre judeus e palestinos acontece a centenas de anos, e ainda hoje, causa milhares de mortes.

De forma geral, a história mostra como os muçulmanos vêm enfrentando o poder econômico e militar judeu, utilizando o terrorismo como arma de guerra. O foco fica em dois  personagens, os palestinos Khaled (Ali Suliman) e Said (Kais Nashif), que se veem envolvidos numa missão suicida como homens-bomba.

[SPOILERS...] O filme se inicia mostrando a simplicidade e amizade dos dois personagens, suas famílias e o dia a dia de uma vida comum. A história deixa claro que o conflito existe, mas que nem todas as pessoas estão envolvidas diretamente com ele. E muitas são contra a forma adotada para sua solução, fazendo terrorismo e assassinado civis que não fazem parte da guerra.

Apesar de serem candidatos a futuros homens-bomba, Khaled e Said são pegos de surpresa quando um dos líderes do terrorismo mulçumanos os convoca para uma missão. Fica bem claro que eles aceitam apenas por ser uma doutrina religiosa imposta pelos terroristas muçulmanos, baseados na interpretação fria do alcorão. Khaled mostra-se confiante na ajuda que sua morte trará para o povo palestino e principalmente para sua família, já Said não, pois seu pai foi um colaboracionista (traidor), e sua morte o fez duvidar dos verdadeiros fins da luta palestina, além de desconfiar das promessas religiosas feitas após a morte: com anjos e paraíso. A cena em que Said pergunta à Khaled se dois anjos irão buscá-lo, exemplifica isso.


A história segue com os preparativos para a missão, com os dois recomendados sobre o seu sigilo, pois passam uma última noite com os familiares, e as despedidas serão realizadas através de filmagens. As bombas são pregadas em seus corpos, tudo feito sob forte discurso religioso e político, reforçando a importância da missão, e os benefícios que ela trará. Após a instrução de como precederem durante a missão e no acionamento das bombas, eles saem, vestidos de terno e gravata. A partir desse momento o filme fica bem tenso, pois as bombas estão implantadas, a sensação é que tudo vai explodir a qualquer momento. Vale ressaltar que parte dessa tensão também é atribuída à falta de trilha sonora, não há música alguma para realçar o drama, isso traz bastante realismo ao filme.

Ao chegar ao ponto de encontro, percebem que algo está saindo errado, um carro e um helicóptero aparecem, a missão é abortada, mas na correria Khaled e Said se separam. O primeiro volta à base terrorista, o segundo se perde, e coloca-se a vagar pelas ruas.

O chefe terrorista acusa Said de traição, assim, Khaled precisa encontrá-lo para mostrar o contrário. Nesse momento o filme passa por um drama, com os dois repensando o idealismo da missão. Khaled, preocupado e focado em encontrar o amigo, começa a se mostrar contrário ao terrorismo. Said apesar do discurso revoltado e racional sobre a situação em que se encontram, concorda em re-executar a missão. Os dois saem novamente, mas Khaled se recusa a continuar, Said o prende no carro e vai para finalizar a missão. [FIM SPOILERS]


O filme trouxe uma realidade que os ocidentais não enxergam nos conflitos em Israel. A generalização é algo que fazemos sem razão alguma. O conflito existe, muitos são aderentes a ele, mas outros não são, existem pessoas que só querem viver, construir sua família respeitando a religiosidade de cada um. E essas pessoas não fazem parte do conflito, mas isso não é respeitado. Ao mesmo tempo, essas mesmas pessoas podem ser envolvidas pelo extremismo irracional político-religioso e se sentirem obrigadas a realizar atos humanamente incompreensíveis, de tirar a própria vida, levando junto outras vidas, de pessoas que ele não tem a mínima ideia de quem sejam.

Essa é uma guerra cega, onde as pessoas passaram a se matar sem uma explicação plausível, tudo em nome de seus Deuses. Mesmo não fazendo parte dessa cultura e não sabendo os reais motivos de cada um, não vejo nenhuma razão para esse genocídio. A situação chegou ao ponto de que os fins não mais justificam os meios.

Obs.: Os textos em itálico foram inseridos após debate e melhor entendimento sobre o filme em 26/03/2013.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Oz: Mágico e Poderoso (Oz: The Great and Powerful) - 2013

16/03/2013 - 16
Nota: 8.0 / 7.0 (IMDB)
Formato: Cinema 3D

Direção: Sam Raimi
Roteiro: Mitchell Kapner, David Lindsay
Elenco: James Franco (Oscar Diggs), Mila Kunis (Theodora), Rachel Weisz (Evanora), Michelle Williams (Glinda/Annie), Zach Braff (Frank/Finley), Joey King (China Girl/Menina da Cadeira de Rodas), Abigail Spencer (Sra. Hamilton), Ted Raimi (Skeptic/Tinker), Bruce Campbell (Gore, o Dark Wizard), Tony Cox (Knuck), Tim Holmes (O Homem Forte), Martin Klebba (Nikko)

Crítica:
Oz: Mágico e Poderoso é o filme que faz prelúdio ao clássico infantil: O Mágico de Oz (The Wizard of Oz) - 1939. Os dois filmes se baseiam na série livros escritos por L. Frank Baum que narram histórias sobre a Terra de Oz, começando por O Maravilhoso Mágico de Oz.

Hollywood está vivendo uma falta de inspiração causada pelo avanço tecnológico e é claro por uma força maior: o capitalismo. Temos pouquíssimos filmes sendo realizados que não sejam baseados em alguma história ou fato que já existe. Isso se deve ao poder da tecnologia, que hoje vem permitindo aos diretores realizarem, cinematograficamente, seus sonhos de criança, trazendo para o cinema as histórias que só podíamos imaginar. E é claro, que também se deve ao fato de envolver bilhões de dólares, pois se não desse dinheiro, nada seria feito. Mas apesar de criticar negativamente essa opção dos estúdios (deixar o cinema bitolado), entendo que algumas vezes eles acertam. Particularmente sobre os prelúdios, são temas que mexem com um sentido que está inato ao ser humano, a curiosidade de descobrir o que realmente aconteceu ou acontece com alguém ou alguma coisa. Historicamente, vivemos em busca de respostas para todos os tipos de perguntas, e é nesse sentido, que às vezes, defendo os filmes que contam as histórias do que aconteceu ou poderia ter acontecido com um personagem específico.

Esse é o caso de Oz: Mágico e Poderoso que conta a história de como o famoso mágico do clássico de 1939, chegou à cidade de Oz. No primeiro, o mágico é o rei de Oz e ninguém o questiona até que Toto (cachorrinho de Dorothy) o desmascara. Mas como o mágico chega à Oz? E como ele se torna rei? Essas respostas estão nesse novo filme, que não conta absolutamente nada sobre Dorothy, o Leão Covarde, o Homem de Lata e o Espantalho, pois segundo minhas pesquisas, os direitos sobre esses personagens são da Warner e não da Disney.


[SPOILERS...] O filme começa em preto e branco, da mesma forma que o anterior, e mostra os participantes de um circo itinerante até que cena foca na apresentação de um mágico, Oscar Diggs (James Franco). Tudo vai bem até receber um pedido inusitado de uma menina, que sentada em uma cadeira de rodas lhe pede que faça sua magia para que ela volte a andar. Ele disfarça e termina o show, sem dizer à menina que sua magia era falsa, assim percebemos que o mágico não tinha ética e muito menos honestidade. Passado esse fato, o mágico se vê perseguido pelo grandalhão do circo, na fuga ele entre num balão de ar, mas se depara com furacão, da mesma forma como aconteceu com Dorothy, ele cai em uma cidade colorida e cheia de criaturas estranhas. 

Quem o acha é Theodora (Mila Kunis), um das bruxas de Oz. Nesse momento o filme se torna um pouco lento, com Theodora explicando a Oscar onde ele estava e qual eram os últimos acontecimentos da cidade.  E que ele era o mágico esperado por todos e por isso se tornaria rei. Além de lhe contar sobre suas duas irmãs: Evanora (Rachel Weisz) e Glinda (Michelle Williams). Oscar se deixa seduzir por Theodora, e lhe promete ser sua rainha. Os dois vão para o castelo de esmeraldas para encontrar a outra bruxa, no caminho conhecem Finley, um macaco voador que jura fidelidade à Oscar, pela ajuda prestada. Ao conhecer Evanora novamente é seduzido, mais ainda, depois que ela mostra um cofre gigantesco com o ouro que pertencerá ao futuro rei. Mas segundo Evanora, para se transformar em rei, também é preciso matar a bruxa má Glinda. 


Assim, Oscar e seu fiel escudeiro saem à caça da terceira bruxa seguindo os tijolos amarelos. No caminho encontram a simpática menina de porcelana, que entra pra o grupo após o mágico colar suas pernas, como mágica. Ao encontrar Glinda, descobre qual é a real identidade das três bruxas. Glinda é a bruxa boa; Theodora, a bruxa má do oeste e Evanora, a bruxa má do leste.

Agora Oscar precisa salvar a cidade de duas bruxas, mesmo sabendo que ele não era um mágico de verdade, Glinda convencê-lo de lutar com seus próprios artifícios, sua falsa magia. Num primeiro momento ele recusa, mas depois aceita e arquiteta o plano para pegar as bruxas más. Ao fim, Oscar consegue convencer a todos que era um mágico de verdade, forjando sua morte e aparecendo em forma de espírito num jogo de imagens e fumaça, semelhante ao antigo filme. As duas bruxas fogem e Oscar de torna o rei de Oz, mas somente na forma sobrenatural. [FIM SPOILERS]


Surpreendi-me com a fidelidade aos cenários e com parte da história ao primeiro filme. Para quem o assistiu, ver os tijolinhos amarelos, os macacos voadores, e a imagem esfumaçada do mágico, foi nostalgia pura. Um roteiro muito bem escrito, sem deixar furos na ligação entre os dois filmes, mesmo com a restrição dos direitos dos personagens. Além disso, os efeitos especiais ficaram excelentes, o macaco Finley foi algo no nível do Smeagol, O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey) - 2012; e do Cesar, Planeta dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes) - 2011.

James Franco teve um bom destaque, pois conseguiu mostrar muito bem a personalidade do mágico: farsante, mentiroso, interesseiro e mesquinho.

De tudo, o que mais me chamou atenção, foi o clima de terror que há na história, acho que conseguiram fazer a primeira história infantil aterrorizante. Colocando-me no lugar de uma criança entre quatro e oito anos, ficaria assustado com as bruxas e suspense que apresentam algumas cenas. Pra mim, foi algo nunca visto.

terça-feira, 12 de março de 2013

O Voo (Flight) - 2012

11/03/2013 - 14
Nota: 7.0 / 7.3 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: John Gatins
Elenco: Denzel Washington, Kelly Reilly, Bruce Greenwood, Nadine Velazquez, Don Cheadle, John Goodman, Brian Geraghty, Tamara Tunie, James Badge Dale

Crítica:
Robert Zemeckis está de volta ao live action, depois de três filmes com captura de movimentos: O Expresso Polar (Polar Express) - 2004, A Lenda de Beowulf (Beowulf) - 2007 e Os Fantasmas de Scrooge (A Christmas Carol) - 2009. Seu último filme com live action foi Náufrago (Cast Away) - 2000.

Neste, Zemeckis trabalha com temas morais, procurando mostrar até onde vai a honestidade humana e como convivemos com a pressão que sociedade exerce sobre nós. O que é certo e o que é errado são conceitos opostos, mas que andam lado a lado, trazendo sérias discussões.

[SPOILERS...] O Voo começa com uma cena mostrando os excessos da vida de William "Whip" Whitaker (Denzel Washington), um piloto veterano que logo percebemos seus problemas com álcool e drogas. A cena se desenrola com o piloto chegando para assumir um voo num dia com tempestade.


A decolagem é extremamente tensa, com Whip fazendo a aeronave subir a máxima altitude para ultrapassar as nuvens carregadas, com bastante turbulência e temor de seu copiloto, Brian Geraghty (Ken Evans), ele consegue, o sol aparece e tudo fica tranquilo.

Para relaxar Whip mistura duas garrafinhas de vodca em seu suco. A cena muda, e mostra o piloto dormindo, com Geraghty no comando do voo. Quando a aeronave apresenta uma pane, Whip acorda com solavancos, toma para si o manche e começa os procedimentos para manter a nave no ar. Tudo indica que não haverá como salvá-los, mas Whip numa manobra instintiva, orienta o copiloto e uma das aeromoças, a executarem tarefas para que ele consiga virar a nave de cabeça para baixo. A manobra é feita, e se sustenta até aproximar-se de um campo aberto. Assim, ele desfaz o giro e executa um pouso forçado. Dos 102 passageiros, 96 sobrevivem, vários com ferimentos leves, outros, mais graves.


Whip acorda no hospital, ao abrir um dos olhos vê que seu amigo Bruce Greenwood (Charlie Anderson) o espera, no dialogo ele o explica que está sendo visto como herói, mas o pessoal do sindicato e um advogado precisam lhe passar maiores explicações sobre as consequências de seus atos. Assim, Whip é informa que exames de sangue foram feitos em todos os tripulantes e que foi detectado álcool e cocaína no seu. Em princípio ele nega, mas o advogado o convence dizendo que preparou sua defesa de forma que tornará seus exames inválidos. [FIM SPOILERS

Nesse contexto a história continua, com Whip sofrendo com alcoolismo, sem admiti-lo, e com o dever moral de dizer a verdade, mesmo com todas as estratégias para inocentá-lo. Se for indiciado, um processo criminal poderá levá-o à prisão perpétua.

As atitudes de Whip são extremamente reais, Washington fez um grande trabalho, sua interpretação de bêbado e depressivo foi algo impressionante, expõe claramente o maior problema dos drogados e alcoólatras: admitir que é um dependente.


Esse tema é bastante atual, a situação de Whip no filme é um caso discutível, pois em certos aspectos ele está certo, em outros, errado. Percebemos isso claramente durante a história, ele salvou 96 pessoas ou matou 6 pessoas? Assim, trazemos a ficção para a vida real, o nosso dia a dia é feito de decisões morais, somos testados a todo o momento, seja para respeitar uma fila, ou até mesmo dar socorro ao atropelar um ciclista. E nesses casos não há dúvidas de qual é o caminho moral. Venho percebendo, que em todas as classes sociais, a moral e a honestidade são sempre deixadas de lado. Vejam nossos governantes, temos algum confiável?

quarta-feira, 6 de março de 2013

Mr. Mojo Risin': A História do L.A. Woman (Mr. Mojo Risin': The Story of L.A. Woman) - 2011

01/03/2013 - 12
Nota: 7.5
Formato: HD

Direção: Martin R. Smith
Elenco: Ray Manzarek, Robbie Krieger, John Densmore, Bill Siddons, Bruce Botnick, Jac Holzman

Crítica:
L.A. Woman foi o último álbum lançado pela banda sessentista, The Doors.  O documentário foi realizado em comemoração aos 40 anos do disco e conta como foi a gravação de cada uma de suas músicas, não há narração, apenas entrevistas com os remanescentes da banda: Ray Manzarek, Robbie Krieger e John Densmore, mais algumas pessoas que participaram da vida dos Doors: Jac Holzman, fundador, executivo-chefe e chefe da Elektra Records, gravadora que realizou todos os discos da banda; Bill Siddons, que foi o gerente da banda de 1968 à 1972; Bruce Botnick, engenheiro de áudio e produtor musical desse último disco.

O documentário se difere bastante do último lançado: When You're Strange: Um Filme Sobre The Doors (A Film About The Doors) - 2009, pois seu foco é mais voltado para o albúm L.A. Woman do que no The Doors e Jim Morrison. Mas ainda assim, há um grande foco em Jim, pois sua morte aconteceu antes do lançamento do disco.


O filme mostra que no primeiro encontro da banda Morrison e Densmore chegaram com uma lista grande de músicas e poesias. As gravações começam, mas parecia que ninguém estava empolgado, os resultados não estavam bons. Jim começa a demonstrar que não era o mesmo, sua vontade em estar com a banda não era a  mesma. Depois dos acontecimentos em Miami, Jim sentiu bastante, foi perseguido pelo governo e pela imprensa, e os Doors não eram mais bem vistos pelo público. Segundo os entrevistados isso refletiu nas letras de suas músicas, em algumas interpretações, dizia que ele queria ir embora, que eles deviam deixá-lo seguir em frente.

O filme passa por todas as músicas, comentando desde a letra até a mixagem final. L.A. Woman é a principal delas, isso é bem demonstrado, uma mistura de blues com rock.


Ao final, falam um pouco sobre a morte de Jim, como aconteceu, quem foi contactado no primeiro momento, e como foi o enterro. Mas tudo bem simplória, sem ênfase.

Foi um documentário realizado para os fãs, não tem muita informação sobre a história da banda, mas tem bastantes detalhes sobre o disco L.A. Woman. Indispensável para quem realmente gosta dos Doors.