quinta-feira, 25 de abril de 2013

Detona Ralph (Wreck-It Ralph) - 2012

13/04/2013
Nota: 7.5 / 7.9 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Rich Moore
Roteiro: Clark Spencer
Vozes: John C. Reilly, Sarah Silverman, Jack McBrayer, Jane Lynch, Alan Tudyk, Mindy Kaling, Ed O'Neill, Dennis Haysbert, Edie McClurg, Rachael Harris, Adam Carolla, Horatio Sanz

Crítica:
Ainda não consegui entender o porquê do filme Valente (Brave) - 2012 ter vencido o Oscar 2013 na categoria Melhor Animação. A história de Detona Ralph não tem nada de novo, mas ainda assim, é muito mais consistente e cativante do que a de Valente. Qualquer comparação que se faça, Valente só venceria no quesito visual da computação gráfica, o restante perderia de muito.

A premissa do roteiro de Detona Ralph é a mesma de Toy Story - 1995, procura dar vida às coisas que fazem parte da diversão de crianças. Um dá vida aos brinquedos e bonecos, na maioria deles nostálgicos, o outro dá vida aos personagens dos jogos eletrônicos, alguns deles dos primórdios dos videos games. Nos dois casos, por se tratarem de personagens antigos, fez aproximar o público adulto da história, sem tirar a essência para o público infantil.


[SPOILER...] A história se inicia com a apresentação do personagem principal: Ralph. Ele é o vilão de um dos jogos mais antigos do fliperama, “Conserta Felix”, que está para completar 30 anos de funcionamento. É um jogo bem semelhante aos jogos de Atari, o objetivo é que Felix escale um prédio para consertar os estragos que Ralph faz, e ao final de cada fase, Ralph é jogado de cima do prédio. [FIM SPOILER]

Dentro dessa contextualização poderemos ver personagens de outros games, como: Pac man e seus fantasmas; Bowser, vilão do Super Mário; Ken, Ryu, M. Bison e Zangief do Street Fighter; entre outros. Apesar de rápidas, essas cenas nos traz boa nostalgia. Zangief aparece em uma sessão de autoajuda para vilões, Ryu está em um bar tomando cerveja. Também podemos perceber que para cada tipo e época do jogo, sua apresentação muda, para os mais antigos, os  movimentos são quadro a quadro e são desenhados com se tivessem grandes pixels. Isso mostra a ótima representação e caracterização dos games conhecidos.

Bem interessante foi a forma como acharam para fazer a ligação entre os jogos. Como as máquinas estavam todas em um fliperama, os cabos de energia funcionam como linhas de trens, o padrão elétrico com uma estação, e a energia elétrica como o próprio trem. Genial!


[SPOILER...] Voltando à história, Ralph está cansado de ser o cara mau, e para provar que pode ser um herói, pretende ganhar uma medalha que somente os heróis ganham. Assim, começa a invadir outros jogos para derrotar inimigos. Numa dessas investidas, consegue uma medalha, mas a perde dentro o jogo “Sugar Rush”, onde conhece a pequena Vanellope, que é considerada um bug dentro do seu jogo, por isso, é proibida de competir nas corridas pelo maldoso rei Candy. Agora Ralph tem que recuperar sua medalha e ajudar Vanellope a competir e vencer uma corrida. [FIM SPOILER]

Desse ponto em diante, as referências visuais acabam e passam a ser mais discretas, com algumas trilhas sonoras conhecidas, e outros detalhes mais discretos.

Como descrevi, a história central não tem nada haver com as referências aos outros jogos, o roteiro foi bem escrito, trazendo uma história original e concisa. Pra mim, superou de longe os últimos filmes da Disney/Pixar.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Valente (Brave) - 2012

10/04/2013 - 19
Nota: 6.5 / 7.5 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Mark Andrews, Brenda Chapman, Steve Purcell
Roteiro: Brenda Chapman, Irene Mecchi
Vozes: Kelly Macdonald, Billy Connolly, Emma Thompson, Craig Ferguson, Julie Walters, Robbie Coltrane, Kevin McKidd, John Ratzenberger

Crítica:
A Pixar conseguiu criar uma reputação incontestável na produção de animações cinematográficas. Valente (Brave) - 2012 é seu 13º longa metragem, com os 11 primeiros bastante aclamados pela crítica. Em seu 12º filme, Carros 2 (Cars 2) – 2011, aconteceram incisivamente, as primeiras críticas negativas, foi um filme feito com características que a Disney coloca nas sequências de suas animações:  filmes realizados pensando apenas financeiramente, os famosos “caça nickels”, aproveitando-se do grande sucesso do primeiro.

Valente não é uma sequência, mas veio com a pressão de fazer a Pixar voltar a realizar uma animação com a mesma qualidade dos primeiros filmes. [SPOILER...] Seu enredo conta a história da primeira princesa da Pixar, Merida, que vive nas montanhosas das terras altas da Escócia. Desde sua infância, Merida demonstra não ser uma princesa tradicional, tanto que em seu aniversário, ainda na infância, seu pai lhe dá um arco e flecha de presente, isso só a faz buscar cada vez mais atividades de meninos, andando de cavalo, treinando tiro ao alvo com flechas etc. Enquanto sua mãe tenta de qualquer maneira transformá-la em uma princesa tradicional, com modos refinados e todas as formalidades de seus antepassados.


Quando ela atinge certa idade, sua mãe a oferece para os pretendentes de cada um das três tribos do reinado. Os candidatos, filhos primogênitos dos chefes das tribos, terão que passar por uma olimpíada para saber quem será o futuro marido de Merida. Propositalmente ela escolhe arco e flecha para a competição. E depois dos três candidatos acertarem o alvo, e um deles, sem querer, acertar o centro, Merida candidata-se para ganhar a sua própria mão. Super treinada, acerta todos os alvos com perfeição, causando revolta à sua mãe.

As duas brigam e Merida corre para a floresta, onde encontrar uma bruxa, que lhe dá um feitiço para fazer a sua mãe mudar de ideia e não forçá-la a casar. Então, Merida oferece um bolo enfeitiçado à sua mãe, e a transforma em um urso.

A história segue com Merida tentando esconder sua mãe urso de seu pai, ao mesmo tempo em que tenta descobrir como quebrar o feitiço. Ao final Merida consegue desfazer o feitiço, as duas se entendem e Merida não é mais obrigada a se casar. [FIM SPOILER]


A história é bem fraca, principalmente a partir da segunda metade, pois a premissa inicial nos deixa com grande expectativa, uma menina que busca de todas as forma seus direitos de liberdade, com a mesma autonomia que fizeram as revoluções feministas. Poderiam transformá-la numa guerreira, ou algo do gênero,  quebrando totalmente as barreiras das tradições da época. Tinha potencial para ser uma história muito melhor e completamente diferente.

Mas partiram para um tema bastante utilizado pelo cinema, o conflito entre pais e filhos. Alguns exemplos são: A Árvore da Vida (The Tree of Life) - 2011, Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right) - (2010), Os Descendentes (The Descendants) - 2011. A adolescência é uma fase de conflitos que todos os seres humanos passam. É a transição da infância para a fase adulta, onde achamos que sabemos tudo, que somos dono do mundo, mas na verdade ainda estamos engatinhando e conhecendo as responsabilidades que implica se tornar adulto. Os pais tem insegurança de soltar os filhos, de deixá-los ir para a vida, e os filhos querem liberdade total, fazer o que quiserem, mas na maioria das vezes, são atitudes inconsequentes.

Hoje percebemos que a fase adolescente está se prolongando, com os pais segurando os filhos dentro de casa, não os deixando ter suas responsabilidades. Ao mesmo tempo, os adulto-adolescentes não querem assumir responsabilidades alguma, continuam na comodidade da casa dos pais, onde não precisam fazer nada, e muito menos pagar alguma conta, nem mesmo as suas. Essa é uma realidade bastante presente no meio em que vivo. Isso é muito triste, "são os filhos de papai", "criados com vó".


Ainda assim, o ponto forte da Pixar ganha bastante destaque, a tecnologia da computação gráfica está cada vez melhor. Os cabelos cacheados de Merida é algo impressionante, tanto na realidade, quanto na textura, os fios de cabelo são independentes. Havia assistido várias animações em que os cabelos são bem feitos, mas nesse, eles chegaram à perfeição.

Acredito que a Pixar ainda tem um grande potencial para voltar a fazer seus excelentes filmes. Algumas sequenciam estão por vir: Universidade Monstros (Monsters University) - 2013 e Procurando Dory (Finding Dory) - 2015. E mais um original: The Good Dinosaur - 2014. Tenho grande expectativa no Universidade Monstros, pois considero seu antecessor, Monstros S.A. (Monsters, Inc.) - 2001, o melhor filme da Pixar.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

As Aventuras de Pi (Life of Pi) - 2012

31/03/2013 - 18
Nota: 8.0 / 8.2 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Ang Lee
Roteiro: David Magee
Elenco: Suraj Sharma (Piscine Molitor "Pi" Patel), Irrfan Khan (Pi adulto), Tabu (Gita Patel, mãe de Pi), Adil Hussain (Pai de Pi), Vibish Sivakumar (Ravi Patel, irmão de Pi), Gérard Depardieu (O cozinheiro), Po-Chieh Wang (O Marinheiro), Andrea Di Stefano (O Padre), Rafe Spall (O Escritor), Shravanthi Sainath (Anandi, namorada adolescente Pi), Andrea Di Stefano (o Sacerdote)

Crítica:
As Aventuras de Pi é um filme baseado no romance escrito por Yann Martel. A história é narrada pelo personagem Pi, que conta sua jornada de sobrevivência a um naufrágio. De origem indiana, a família de Pi é obrigada a se mudar para o Canadá, levando consigo todos os seus pertences, inclusivo os animais do zoológico que são donos em Pondicherry, Índia.

[SPOILERS...] Viajando a bordo de um enorme cargueiro japonês, Pi e sua família: pai, mãe e irmão; são pegos de surpresa em meio a uma tempestade, a qual causa o naufrágio do navio. Pi, que estava na proa do navio, consegue entrar em um dos barcos salva vidas, quando uma zebra pula dentro do barco, jogando-os direto ao mar.


Ao acordar no dia seguinte, já sem a tempestade, percebe que não há mais sinal do navio, e que ainda se encontra em companhia da zebra, mas logo vê que a tripulação do barco é muito maior: uma macaca, uma hiena e um tigre de bengala chamado Richard Parker. Nesse contexto, Pi vê de perto o que é o instinto de sobrevivência animal e a lei do mais forte, logo está apenas em companhia de Richard Parker. [FIM SPOILERS]

Desse momento em diante, Pi passa os dias lutando para sobreviver, e ainda conviver com Richard Parker. Numa analogia, podemos perceber algumas semelhanças com o filme Náufrago (Cast Away) - 2000. O tigre tem o mesmo sentido que Wilson, serve como distração e psicologicamente não o deixa sucumbir para a morte. Além disso, trouxe-me lembranças dos programas do canal fechado Discovery: Eu Sobrevivi e À Prova de Tudo. O primeiro conta histórias de pessoas que sobreviveram a desastres ou fatalidades, que nem todos que estavam junto viveram para contá-las; o segundo é sobre o aventureiro Bear Grylls, que procura mostrar técnicas de sobrevivências em casos extremos. Em vários de seus programas Grylls diz que: "em casos extremos, só sobrevive quem está disposto a sobreviver". E no filme percebemos isso claramente, Pi a todo momento faz de tudo para sobreviver, até as adversidades, que poderíamos dizer, fictícias, ele consegue vencer.


Mas a principal mensagem do filme está na religião para as religiões e na crença em Deus. Ainda menino, Pi busca em várias doutrinas religiosas explicações para o mundo em que vive, assim, acaba por buscar apenas as coisas boas e verdadeiras de cada uma delas. São nessas crenças e fé que Pi se agarra nos momentos mais difíceis de sua jornada, isso demonstra para o incrédulos, céticos ou ateus, que Deus aparece sempre nos momentos difíceis, não porque ele exista, mas sim, por ser nesses mementos onde é difícil enxergar na razão, uma solução para a situação, ou seja, sempre quando nos depararmos com a morte, buscaremos no fundo das consciência, a resposta na fé e em Deus, pois esse é o ponto fraca da ciência e é onde as religiões se amparam. E tudo isso está relacionado com o medo da morte.

Pela história simples e por mexer com um tema tão polêmico: a religião, sem entrar nos méritos de cada uma delas, As Aventuras de Pi mereceu sua indicação ao Oscar na categoria de melhor filme. Além disso, houve as indicações técnicas, que é outro ponto forte do filme, os efeitos especiais é algo inexplicável, algo no nível de Avatar - 2009. O tigre de bengala foi todo feito com computação gráfica, quem não sabe disso, nem percebe, acha que ele é real. A fotografia também tem grande destaque, há imagens de beleza indescritíveis, principalmente quando anoitece, e os raios da lua ganham destaque.


O diretor Ang Lee entrou para lista dos poucos que ganharam dois Oscars na categoria melhor diretor, mas esse prêmio eu discordo um pouco, apesar desse filme ter sido muito bem dirigido. Há outros que merecem maior destaque, digo isso sem assistir a todos indicados, e meus destaques vão para dois diretores que nem foram indicados: Quentin Tarantino, com Django Livre (Django Unchained) - 2012; e Ben Affleck, com Argo - 2012. O que Tarantino vem fazendo pelo cinema é algo admirável, sua filmografia é invejável, mas ainda não ganhou um Oscar por melhor direção, inexplicável! Para Aflleck, consigo me contentar, é um jovem diretor que ainda tem muita coisa para mostra, mas seu Oscar está bem próximo.

Em resumo, As Aventuras de Pi é um ótimo filme, encantador, que nos faz repensar alguns valores de nossa vida, principalmente os religiosos e da fé. Vale a pena assistir.