sábado, 11 de outubro de 2014

Círculo de Fogo (Pacific Rim) - 2013

29/06/2014
Nota: 6.5 / 7.1 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Guillermo del Toro
Roteiro: Travis Beacham, Guillermo del Toro
Elenco: Charlie Hunnam (Raleigh Becket), Idris Elba (Stacker Pentecost), Rinko Kikuchi (Mako Mori), Charlie Day (Dr. Newton Geiszler), Robert Kazinsky (Chuck Hansen), Max Martini (Herc Hansen), Ron Perlman (Hannibal Chau), Clifton Collins Jr. (Tendo Choi), Diego Klattenhoff (Yancy Becket), Ellen McLain (a Inteligência Artificial dos Jaegers), Robert Maillet (Aleksis Kaidanovsky), Heather Doerksen (Sasha Kaidanovsky), Burn Gorman (Hermann Gottlieb)

Crítica:
Atualmente os críticos de cinema tem tornado a palavra clichê, pejorativa, sempre que um diretor/roteiro utiliza um clichê, perde vários pontos nas avaliações críticas. Temos que separar algumas coisas, existem críticos chatos que vê defeito em tudo, nada está bom, e quando vê um clichê, pronto, o filme é horrível. Ao mesmo tempo, há filmes que se apegam aos clichês para conseguir conduzir a história. Tudo é uma questão de sabedoria, objetivo e público alvo. Um bom filme tem que ter clichês, pois são eles nos aproximam da história. Nós gostamos de finais felizes, gostamos do bem vencendo o mal, do mocinho batendo no vilão.

Por isso eu pergunto e respondo. Qual é o maior mérito de alguns blockbusters fazerem tanto sucesso? Está na habilidade do diretor e roteiristas de inserirem os clichês nos momentos certos, tentando ser o menos repetitivo possível, criando uma trama nova, com tudo que gostamos.


Toda essa introdução serve para confirmar que Guillermo Del Toro acertou no mesmo sentindo na direção de Círculo de Fogo (Pacific Rim) - 2013. Uma história que se analisarmos não tem nada de interessante e parece até boba. Alienígenas gigantes que saem do fundo do oceano pacífico, sem mais explicações, vem para destruir a terra, também sem explicações, assim a humanidade precisa sobreviver e contra-atacar os monstros. Uma homenagem às várias séries japonesas que traziam monstros gigantes, sendo o mais famoso, Godzilla.

A história inicia nos contextualizando a situação que a humanidade vive. Com monstros gigantes saindo do oceano, nomeados de Kaiju, os humanos desenvolvem os Jaegers, robôs gigantes controlados por dois "pilotos" por conexão neural, um controla o lado direito, outro o lado esquerdo. Há anos lutando contra os Kaijus, os humanos tentarão uma última investida e tudo ficará nas mãos dos pilotos Raleigh (Charlie Hunnam) e Mako (Rinko Kikuchi).


A forma como as lutas entre Jeagers e Kaijus são mostradas é um ponto forte, pois como seres gigantescos, a luta é bem lenta, nos dá a impressão correta de peso e tamanho. Os efeitos especiais estão perfeitos, pois em nenhum momento conseguimos perceber diferenças entre humanos e Kaijus.

Cheio de clichês bem elaborados, os heróis lutam e vencem os monstros, tudo com muita ação e pancadaria, do jeito que gostamos. Um bom e divertido filme.

True Detective - 2014 [1ª Temporada]

24/06/2014
Nota: 7.5 / 9.4 (IMDB)
Formado: HD

Direção: Cary Joji Fukunaga
Roteiro: Nic Pizzolatto
Elenco: Matthew McConaughey (Rustin Spencer "Rust" Cohle), Woody Harrelson (Martin Eric "Marty" Hart), Michelle Monaghan (Maggie Hart), Michael Potts (Maynard Gilbough), Tory Kittles (Thomas Papania)

Crítica:
Há alguns anos parecia inconcebível comparar qualquer produção para cinema com uma para TV. Apesar de terem várias séries de altíssima qualidade, com Twin Peaks, nenhuma se comparava em produção e orçamento com filmes para cinema. Acredito que houve dois marcos para a TV: Band of Brothers e Lost. O primeiro é uma obra prima, impecável, ao ponto de superar a maioria das produções cinematográficas, iguala-se facilmente ao Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan) - 1998. O segundo também pela produção, mas seu ponto forte foi o poder de prender seus telespectadores com tramas e subtramas bem executadas e com isso, grande audiência.

Hoje podemos dizer que a TV igualou ao cinema, e cada vez mais cinéfilos se curvam às produções televisivas e preferem o sofá de casa à tela grande. Grande parte disso se deve à HBO, em praticamente todas as suas séries temos uma produção excelente e liberdade para os diretores e roteiristas conduzirem a história. Alguns exemplos são: Família Soprano, The Pacific, Generation Kill, Roma, Band of Brothers e Game of Thrones.


True Detective prova tudo que foi dito acima. Para começar, os atores principais são Woody Harrelson e Matthew McConaugheyMcConaughey foi premiado com o Oscar de melhor ator no mesmo ano de estreia da série, provavelmente isso nunca aconteceu antes.  Outro fato pioneiro foi a participação, na criação e direção, de Nic Pizzolatto e Cary Joji Fukunaga, em todos os episódios respectivamente, o que não é normal em séries que normalmente tem vários roteiristas e diretores.

Além disso, a produção é de fazer inveja à vencedores de Oscar. A retração de quase duas décadas em que se passa a série, 1995 à 2012, é impressionante. Várias cenas e diálogos são memoráveis, entram para os melhores os momentos da história cinematográfica. O ritmo do roteiro é perfeito, sabendo ir do drama ao suspense, do suspense à ação, em transições perfeitas.


Voltando à dupla de protagonistas, tenho que admitir que sem eles, talvez, nada do que foi dito seria suficiente para a série ser tão boa quanto é. Harrelson e McConaughey estão em sintonia perfeita, seus personagens são muito bem trabalhados e complexos. Harrelson, que faz um cara mais comum, não precisa se esforçar tanto o tempo todo, mas em algumas cenas percebemos que ela fez a diferença. Seu personagem, Marty, é um bom detetive, mas mais tradicional, possui família e sua prioridade não é só o trabalho, tem dia a dia de um homem comum. O personagem de McConaughey, Rust, é um cara fissurado pelo trabalho, com muitos fantasmas na cabeça, foi casado e separou-se após a morte precoce de sua filha. Por isso, a trama é mais centrada nele, trabalhando suas teorias conspiratórias para desvendar o mistério. Além disso, ele faz vários diálogos filosóficos sobre a complexidade da vida e a conduta social atual, que provavelmente são as melhores passagens da série.

O primeiro episódio nos apresenta à cena do crime que será investigado pelos dois detetives. Dora Lange é assassinada ao que parece um rito satânico, os detetives Marty e Rust são escalados para investigar as causas da morte. Rust se mostra um cara metódico, que anota todos os detalhes e não deixa passar nenhuma possibilidade.


Logo percebemos que as cenas mostradas se tratam do passado e que na verdade os dois detetives estão sendo interrogados, separadamente, sobre a investigação que fizeram, pois há desconfiança dos eventos como foram relatados na época.

Para quem gosta de mistérios, True Detective é perfeito, pois enquanto assistimos é possível ir coletando as provas e pistas encontradas e ir bolando suas próprias conclusões. Em determinado momento, desconfiamos dos próprios detetives, e esse mistério fica até quase dois terços dos episódios, até sermos surpreendidos com a verdade: sobre o resultado real da investigação e sobre o porquê de estarem brigados. Nesse momento o passado chega ao presente, e tudo começa a acontecer bem rápido, até o final espetacular.


O roteiro é muito bem feito, todos os mistérios são resolvidos, tudo tem resposta, e foi interessantíssimo como eles conseguiram manter os mistérios quase até o fim, e quando você acha que tudo foi resolvida, ainda tem mais situações para acontecer.

Assisti poucas séries, mas True Detective está entre as melhores já feitas, tenho certeza. Band of Brothers, The Pacific, Lost ainda tem seu lugar, mas True Detective chegou bem próximo dessas.

Podem assistir, sem medo, vale muito a pena.

Walt nos Bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks) - 2013

06/06/2014
Nota: 9.0 / 7.6 (IMDB)
Formato: HD

Direção: John Lee Hancock
Elenco: Emma Thompson, Tom Hanks, Colin Firth, Paul Giamatti, Jason Schwartzman, Bradley Whitford, Annie Rose Buckle, Ruth Wilson, B.J. Novak, Kathy Baker, Rachel Griffiths, Ronan Vibert

Crítica:
Um filme com o título Walt nos Bastidores de Mary só podemos esperar que o protagonista principal fosse Walt Disney, e a história gire em torno da sua participação no filme Mary Poppins. Mas o filme na verdade se chama Saving Mr. Banks, que numa tradução literal seria Salvando Sr. Banks, que mesmo literalmente, é o título mais adequado para história.

Mary Poppins - 1964 é um clássico infantil da Disney, ganhador de 5 Oscares, inclusive para Julie Andrews como melhor atriz. O filme conta a história de uma babá com poderes mágicos, que aparece para cuidar dos filhos de Sr. Banks.

A personagem principal do filme não é Walt Disney, e sim, Pamela Travers escritora do romance infantil Mary Poppins. O roteiro mostras com flashbacks duas histórias distintas, uma é sobre a infância de Travers, a outra é sobre sua relutância em deixar o estúdio Disney adaptar seu livro para o cinema.


O filme inicia mostrando o passado da família Travers e as dificuldades que Pamela viveu em sua infância. Seu pai tinha problemas com bebida, mas ainda assim mantinha um bom emprego como gerente de banco.
No presente, Walt Disney negocia com Travers a compra dos direitos para transformar seu romance em filme. Após vários telefonemas, Disney a convence ir ao estúdio para uma conversa pessoal. 

A relação entre os dois momentos da história está para explicar como Travers se tornou uma mulher amargurada e triste. Sua relação com o pai é bastante explorada, e dessa que molda a personalidade da escritora P.L. Travers.


Logo ao chegar um Los Angeles, Travers mostra seu mau humor em vários momentos, ao tratar com o motorista que vai buscá-la no aeroporto, ao encontrar com Walt e nas negociações do contrato. Travers concorda em assiná-lo, mas somente após sua aprovação do roteiro. Com isso, ela começa a restringir todas as ideias que considera errada na história, seu receio é que os roteiristas transformassem sua personagem em uma boba alegre. 

Seu perfeccionismo fica aflorado, e os roteiristas passam apertado para conseguir agradá-la. Em princípio ela restringe qualquer cena com desenho animado, e também cenas musicais.


Com a história de sua infância entendemos e aprendemos a gostar de seu jeito e de suas motivações, ao mesmo tempo em que acompanhamos a sua aceitação para assinar o contrato, pois a história que escreveu é uma visão sonhada para seu pai. O Sr. Banks da história é a ideia de pai que ela gostaria de ter tido, e Mary Poppins é a babá que cuidou dela na falta do pai.

Para favorecer positivamente e valorizar essa história, temos dois grandes atores nos papéis principais: Tom Hanks como Walt Disney e Emma Thompson como Pamela Travers. Os dois estão excelentes, mas Thompson dá um toque especial em sua interpretação, nos mostrando de forma realística o comportamento de Pamela.