terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A Viagem (Cloud Atlas) - 2012


11/01/2013 - 5
Nota: 7.5 / 8.0 (IMDB)
Formato: HD

Direção: Lana Wachowski, Tom Tykwer, Andy Wachowski
Elenco: Tom Hanks, Halle Berry, Jim Broadbent, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Doona Bae, Ben Whishaw, James D'Arcy, Zhou Xun, Keith David, Susan Sarandon, Hugh Grant

Crítica:
Bastante criticado, A Viagem, tenta ser um épico da ficção filosófica e religiosa. Os irmãos Wachowski colocaram em seis histórias diferentes, a filosofia que envolve a vida. As histórias aparentemente são distintas, mas aos poucos e sutilmente vão se conectando e procuram mostrar que sempre haverá vidas conflitantes dentro das sociedades.

[SPOILER] Tudo começa com um velho ancião contando sua história de vida, e logo nos vemos acompanhando um advogado no século XIX, que sai em uma viagem para encontrar escravos, mas acaba por salvar um. Dentro desse contexto, nos mostra o quão as pessoas podem ser boas mesmo em situações e época que não era permitido ser bom. Dessa forma, há todo momento, são feitos cortes, passando e mudando entre as histórias. Cortes abruptos ou suaves, e com o tempo, cada vez mais ligando as histórias, seja na fala de um personagem ou no resultado da cena.

Outra história se passa nos anos trinta, e mostra os conflitos das inspirações de um jovem compositor iniciante, Adam Ewing, e a falta de inspiração de um conceituado músico decadente, em busca da cifra perfeita. A junção se pretende a perfeição, mas não é bem isso que acontece. 

Nos anos setenta, uma jornalista investiga uma empresa que projeta um reator nuclear cheio de falhas, onde há uma conspiração por traz do projeto, e por isso, ela é perseguida para ser assassinada.

Nos dias atuais, um velho editor, Timothy Cavendish, se vê rico, após seu escritor matar um crítico e seu livro se tornar um dos mais vendidos do país. Mas ao gastar todo o dinheiro, e não ter mais como arcar com a parte do escritor, se vê perseguido pelos capangas do escritor. Assim, pede ajuda a seu irmão, que o aconselha esconder em hotel, que na verdade era um asilo. Agora, toda essa trama, vira o foco para o plano dos velhinhos fugirem do asilo.

No futuro de 2144, acompanhamos Sonmi-451, uma garçonete que não tem direitos, só deveres. Sua função é apenas fazer o serviço e descansar em sua cama quarto. A única motivação é saber que ao final do contrato de trabalho ela e suas colegas passarão pelo processo de libertação. Mas quando uma de suas colegas se revolta e é morta, Sonmi começa a questionar sobre sua vida, é quando aparece um dos membros da rebelião, Hae-Joo Chang, e a resgata. A proposta dos rebelados seria colocá-la como a porta voz do grupo e fazer um discurso para tentar fazer a população abrir os “olhos”. Para isso, Chang mostra para Sonmi o que era a libertação, chamada de Exaltação. Todas as garçonetes eram clones que ao não servirem mais para o trabalho, eram enfileiradas e assassinadas em cadeiras elétricas futurísticas.

Num futuro ainda mais distante, o mundo chegou ao caos e agora os humanos regrediram, tecnologicamente, e voltaram a viver em tribos. Zachry é um dos líderes de uma das tribos, que vivem em conflito, uns matando os outros. A situação muda quando Meronym aparece, uma remanescente do mundo tecnológico, pedindo ajuda para chegar ao topo das montanhas. Em princípio Zchary resiste, mas após sua sobrinha ser salva Meronym, ele decide ajudá-la. No topo da montanha Zchary se dentro de uma estação de comunicação entre os que estão na Terra e os que foram refugiados para uma nave, e ainda vivem com tecnologias. Além disso, descobre que Sonmi era apenas uma mulher comum, que liderou, lutou e representou a revolução. Ao voltar, descobre que todos estão de sua tribo foram mortos pela tribo rival, salvando apenas sua sobrinha. Os três fogem e são resgatados pela nave da comunidade de Meronym.


Todas as histórias estão interligadas, mas não é fácil pegar todas as ligações. Percebi que quanto mais se passava, mais conectado ficava. As falas de um personagem serviam exatamente para a próxima cena de outra história. Alguns personagens existiam em mais de uma história, como Sonmi. Objetos encontrados no passado são vistos no futuro de alguma forma. Além disso, o que fez muito sentido foi o uso dos mesmos atores nas seis histórias, eles tem uma conectividade entre as histórias, mesmo com papeis diferentes. Seus comportamentos vão passando por fases, melhorando ou piorando.  Para isso, foi utilizada bastante maquiagem, que variou de excelente, a ponto de não reconhecermos o ator por traz dela, até horrível, de percebermos a utilização de máscaras.

Os atores tiveram boas atuações, principalmente por fazer papeis bastante diferentes dentro as histórias, mas em vários momentos nem percebemos quem é o ator por traz da maquiagem, e quando isso acontece, é porque ele está atuando muito bem. Tom Hanks dispensa comentários, é um grande ator, consegue fazer qualquer tipo de papel, e nesse filme não foi diferente.

Os irmãos Wachowski entram bastante dentro de conceitos religiosos. O principal deles é a personagem Sonmi, que participa de duas histórias, e é uma analogia direta à Jesus Cristo, e nesse caso faz uma dura crítica e até polêmica para as religiões de hoje. Acho realmente que Cristo poderia ter sido apenas um símbolo de uma revolução. 

A fonte principal de todas as histórias é a vida, de como os seres humanos são capazes de fazer o bem e mal, e mostra que isso sempre vai existir, e ainda assim vamos sobreviver a tudo e a todos. Além disso, mostra como cada uma de nossas atitudes podem trazer efeitos, bons ou ruins, por décadas, às vezes até para sempre.

Apesar de ser um filme longo, para alguns, cansativo, assistirei de novo, pois são tantas as ligações e detalhes, que a segunda vez poderei perceber mais as sub mensagens de cada história.

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