terça-feira, 14 de agosto de 2012

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises) - 2012


09/08/2012 - 67
Nota: 9.0 / 8.9 (IMDB)
Formato: Cinema

Direção: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Gary Oldman, Anne Hathaway, Tom Hardy, Marion Cotillard, Mathew Modine, Joseph Gordon-Levitt, Ben Mendelsohn, Nestor Carbonell, Morgan Freeman e Michael Caine.

Crítica:
[SPOILER do início ao fim]
Batman: O Cavaleiro das Trevas Resurge é o filme que fecha a trilogia Nolan do super-herói. A história se passa oito anos após o segundo filme, Batman: O Cavaleiro das Trevas. Nesse tempo, a lei Dent colocou fim à máfia e todo o crime organizado, aparentemente tudo está tranquilo em Gothan, Batman está desaparecido e Bruce Wayne está recluso em sua mansão. Até que acontecimentos estranhos chamam atenção de um novo personagem, John Blake, um policial que desconfia dos grandes problemas que estão por vir. Assim, resolve procurar o Sr. Wayne, lhe conta os novos acontecimentos, e confessa que sabe de sua identidade secreta. Bruce agora está fora de atividade, fraco fisicamente e mentalmente, mas ainda assim resolve investigar o assunto. Nesse ínterim, uma mulher misteriosa rouba um colar que pertenceu à mãe de Bruce, e suas digitais. Em seus arquivos, Batman descobre que se trata de Selina Kyle, a Mulher Gato dos quadrinhos, muito bem interpretada e retratada por Anne Hathaway, dessa vez acertaram na personagem. Seus trajes foram feitos sem exageros, trazendo-a para a realidade do expectador. Não há origem, ela simplesmente aparece em Gothan numa festa na mansão Wayne, e nesse momento rouba o colar. É caracterizada como uma ladra sexy, que não quer saber em estar ao lado de ninguém, só pensa em se dar bem, não importando com as consequências. E algumas vezes ajuda o Batman. Suas atitudes vão interferir diretamente na história, para o bem e para o mal. Interessante é que o nome Mulher Gato não é citado em nenhum momento. As digitais roubadas são entregues à Bane, vilão apresentado nas cenas iniciais do filme. Tom Hardy fez um grande trabalho com Bane. Uma grata surpresa, pois ele teve que compensar a falta de expressão com os diálogos, e discursos, tudo que ele fala é aterrorizante. Vários minutos com sua origem foram cortados, e o importante é que não fez diferença. Ele é um cara muito inteligente, extremamente forte e cruel, mata por matar, não deixa nenhum cúmplice vivo. Suas intenções são: matar o Batman e exterminar Gothan City. Christian Bale encara o Batman mais uma vez com grande atuação, emoção e incorporação. Dessa vez um Batman fraco e acabado, que nos faz lembra o quadrinho “O Cavaleiro das Trevas”, em que ele está velho e aposentando, mas é forçado a voltar. Interessante ver Bale novamente magro e depois forte, não sei se foram efeitos especiais, mas de qualquer forma ficou ótimo. Gary Oldman volta como James Gordon, mas sua participação é a menor de todos os filmes, mas sempre importante. Foi bom não aparecer tanto, pois assim os outros personagens puderam ter uma participação maior.
Christopher Nolan mais uma vez construiu uma história concisa, um roteiro com pouquíssimos furos. A trilogia programada por ele foi finalizada, fazendo mais referências ao primeiro filme, e todo o ciclo é completamente fechado. Se repararmos bem, o roteiro seguiu a mesma linha dos outros filmes. Uma cena inicial de ação, seguido pela apresentação do vilão. Batman novamente fazendo um treinamento e vencendo seus medos. Um vilão causando o caos. Ou seja, foi feito para não errar, sem tentativas de surpreender cinematograficamente, diferentemente do que fez com o Coringa, e com todo o primeiro filme. Mas é claro, só foi parecido com os outros, porque teve os outros. O clima também mudou um pouco, agora tudo é realmente tenso. Em O Cavaleiro das Trevas, o Coringa torna a desgraça engraçada, conseguimos rir quando alguém morre. Nesse não, é tudo tenso, não conseguimos rir, não relaxamos hora nenhuma. Bane mata sério, falou merda, fez errado, ele mata, com prazer e fúria, sem gracinhas. O vilão é Bane, mas Ras Al Gul e Liga das Sombras ainda assombram Gothan. Historicamente Ras Al Gul é um dos vilões mais importantes do Batman. Foi introduzido mais um veículo utilitário do Batman, a “Batnave”. E raparem que o “Batmovel” não é utilizado por ele em nenhum momento. É preciso o expectador ficar atento aos saltos no tempo, pois a história se passa ao longo de 80 dias, e na segundo metade da projeção há saltos de meses. Isso dá mais veracidade aos acontecimentos. Mas não há dificuldades para acompanhar, pois os diálogos nos informam o que se passou. As de lutas ficaram um pouco teatrais, telegrafadas. Não ficou ruim, mas não seti firmeza nos socos e chutes. Parece que não há dor, nem sangue. O combate “medieval” entre os policiais e a gang de Bane ficou um pouco fora de contexto, pois os policiais estavam com armas comuns e os outros estavam com o arsenal do Batman. Tinha que ter acontecido um massacre. E as armas tecnológicas nem aparecem. O final foi um dos momentos mais interessantes, onde tivemos a reviravolta na história, mostrando o verdadeiro vilão, Talia al Ghul. Marion Cotillard é Miranda Tate e Talia al Ghul. Filha de Ra's Al Ghul ela aparece como membro da Wayne Enterprises, mas somente nos minutos finais se revela, causando a maior surpresa. E afirma vir para terminar o trabalho do pai. A atuação de Marion foi excelente, em momento algum desconfiei de Tate. E a surpreendente aparição de Robin. Joseph Gordon-Levitt é John Blake ou Robin, isso mesmo, o policial novato que ajuda Batman em praticamente todo o filme é o Robin. Mas isso fica só na nossa imaginação, pois a revelação acontece apenas no final. Ainda temos o sonho do Alfred se realizando e a certeza que Batman está mais vivo do que nunca. Gordon pode afirmar isso com certeza, basta acender seu holofote. E esse é o principal detalhe deixado por Nolan, apesar de fechar sua trilogia, a história ficou aberta para outros filmes. Muito bom desde que as pessoas certas sejam escolhidas novamente, caso contrário, é melhor começar um novo ciclo. Principalmente com a intenção da DC em lançar o filme da Liga da Justiça, um novo Batman mais voltado para trabalhar com um grupo de super-heróis fantasiosos seria a melhor escolha.
Ao longo de oito anos acompanhamos a construção de uma história épica, tudo muito bem pensado e produzido. Agora não podemos falar mais em Batman sem lembrar-se dessa trilogia, e os filmes não poderão mais ser considerados separadamente. São três filmes em um. Isso mostra que se pode fazer filmes de super-heróis realísticos, com bons roteiros, boas atuações e com excelente retorno financeiro. Fica de exemplo para as várias produções que são realizadas pensando apenas em dinheiro e não conseguem passar de um filme. Basta os estúdios dar liberdade para diretores, roteiristas e atores trabalharem com todo seu potencial. Assistirei essa trilogia pelo menos uma vez por ano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário