quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Killer Joe - Matador de Aluguel (Killer Joe) - 2011

19/02/2014
Nota: 7.5 / 6.7 (IMDB)
Formato: HD

Direção: William Friedkin
Roteiro: Tracy Letts
Elenco: Matthew McConaughey (Police Detective "Killer" Joe Cooper), Emile Hirsch (Chris Smith, son), Juno Temple (Dottie Smith, daughter), Gina Gershon (Sharla Smith, stepmother), Thomas Haden Church (Ansel Smith, father), Marc Macaulay (Digger Soames, gang boss), Julia Adams (Adele Rogers, natural mother), Sean O'Hara (Rex, boyfriend of Adele)

Crítica:
Recentemente fui apresentado a dois álbuns de um novo cantor blues: LetThem Talk (2011) e Didn't It Rain (2013). Escutando suas versões para vários clássicos do blues, percebi que havia influência de todas as partes. Pra começar, logicamente, há bastante jazz, em algumas, country. Seu tom de voz vai de Howllin' Wolf à Eric Clapton. Canções com som atual, sem perder o blues tradicional, com o piano dando um toque especial, fazendo-me lembrar de Pinetop Perkins. Até tango percebemos em mais de uma música. Isso mostra, mais uma vez, que Jimmy Page, John Paul Jones, Robert Plant e John Bonham estavam cobertos de razão, não é preciso inventar, basta buscar o que já existe, tirar o que é melhor, fazer uns ajustes e transformar em algo muito melhor, buscando a perfeição.

Apesar de apenas dois álbuns, esse cantor é muito famoso, mas não pela música, e sim, pela TV. Nunca imaginei que veria Dr. House (ao vivo) tocando piano e cantando blues. Isso aí, Hugh Laurie é quem estou descrevendo, o médico doidão da série americana House M.D., no Brasil conhecida por Dr. House. Vale a pena conferir.

Essa introdução poderia estar na crítica de algum outro filme, talvez a analogia que vou fazer não tenha nada a ver, mas como estou curtindo Hugh Laurie agora, achei melhor comentar logo. A analogia está nessa forma que Laurie utilizou para realizar seus dois álbuns, com várias influências, parecendo até que estudou a fundo alguns dos artistas que citei. Isso vai de encontro com a forma utilizada por William Friedkin para dirigir Killer Joe - Matador de Aluguel.


Friedkin é um experiente cineasta, dirigiu vários clássicos, dentre eles Operação França (The French Connection) - 1971 e O Exorcista (The Exorcist) - 1973, mas nesse filme, provavelmente algumas ideias saíram com base em estilos de direção de outros diretores, e até mesmo na forma de atuar de alguns atores, e a reviravolta do roteiro, podemos ver em outros filmes específicos. Nada de cópia, mas como disse acima, procurou melhorar o que tem de bom nos outros filmes, e em algumas cenas chegou bem próximo.

[SPOILERS...] Killer Joe - Matador de Aluguel narra a história dos Smith, uma família completamente desestruturada que reside em Dallas. Chris mora com a mãe, é um aspirante a traficante, e deve os mafiosos da região. Ameaçado, tem a brilhante ideia de contratar um assassino para matar sua mãe, pois descobriu que ela tem uma apólice de segura no valor de 50 mil dólares e deixou como beneficiária sua irmã Dottie, em caso de morte. Para isso, vai atrás de seu pai, Ansel. Um cara alienando que mora num trailer com a namorada Sharla e a filha Dottie.

Chris convence Ansel a contratar Joe Cooper, um policial matador de aluguel para dar um jeito em sua mãe. Mas as coisas começam a dar errado quando Chris percebe que não tem dinheiro suficiente para pagar Joe, tenta convencê-lo de receber depois, mas Joe recusa refazendo a proposta. Ele fará o serviço desde que a virgindade de sua irmã sirva como calção. Os dois topam.
Chris se arrepende tardiamente, ao procurar Joe, sua mãe já está morta na porta malas do carro. A partir desse momento começam as reviravoltas. Ao procurarem a seguradora, descobrem que Dottie não é a beneficiária, e sim Rex, o namorada da mãe.


Sem o dinheiro para pagar Joe, Chris resolve fugir levando sua irmã, mas chegando em casa encontra Joe e sua família preparando o jantar. E essas cenas, momentos antes, e depois que Chris entra no trailer, é que valem o filme. Tenso e paranóico! [FIM SPOILERS]

Se me falassem que essa cena final foi escrita por Quentin Tarantino eu não duvidaria. Esse desfecho final, com certeza, é parecidíssimo com uma cena em Cães de Aluguel (Reservoir Dogs) - 1992 e outra em Bastardos Inglórios (InglouriousBasterds) - 2009. Além disso, o filme inteiro é bem estruturado em seus diálogos, muito semelhante aos filmes de Tarantino.

O roteiro tem certa relação com a trilogia de Guy Ritchie: Jogos,Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Lock, Stock and Two Smoking Barrels) - 1998, Snatch - Porcos e Diamantes (Snatch) - 2000 e Rock’n'Rolla - A Grande Roubada (Rock’n'Rolla) - 2008. Ritchie trabalha muito com a idiotice humana, coincidências absurdas e resultados inesperados. Tudo isso puxando sempre um lado cômico. Se olharmos superficialmente, poderemos ver todas essas características nesse Killer Joe - Matador de Aluguel, mas o lado cômico é bem mais sutil, observando mais o humor negro.

O elenco fechou o ciclo que faz filmes entrarem num patamar acima da expectativa: roteiro, direção e atuações excelentes. Todos tiveram atuações acima da média, mas o grande destaque vai para Matthew McConaughey que soube demonstrar a evolução do seu personagem. No início um assassino comum, frio, que faz tudo só pelo dinheiro, mas aos poucos mostra seu lado psicopata, dando a entender que sente prazer em matar, humilhar e desmoralizar as pessoas. Fez-me lembrar da atuação do Christian Bale em Psicopata Americano (AmericanPsycho) - 2000. Outra atuação bem semelhante foi a do Brad Pitt em Kalifornia - Uma Viagem ao Inferno (Kalifornia) - 1993. Matthew McConaughey está entrando na galeria dos grandes atores, seus próximos filmes poderão confirmar isso.

Killer Joe conseguiu buscar o que há de melhor em filmes do gênero, pra quem gosta, vale a pena ver.


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